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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Transporte ferroviário no estado de São Paulo: o caso do açúcar

*Por Fernando Menegatti Aversa

O sistema agroindustrial da cana-de-açúcar no Brasil tem crescido de forma impressionante nas duas últimas décadas devido ao aumento da área plantada e ao aumento da produtividade, além de a demanda cada vez mais alta pelos produtos oriundos dessa cultura. Estratégias tomadas pelos grandes grupos sucroalcooleiros como a automação da produção, mecanização da colheita e a otimização logística fizeram o país passar de uma produção de 8 milhões de toneladas nos anos 90 para uma produção de cerca de 34,6 milhões de toneladas estimadas para a safra 2010/2011. O estado de São Paulo detém 70% de toda a produção de açúcar brasileira, já que possui uma vocação para a cultura da cana de açúcar, uma infra-estrutura logística em boas condições, além de condições químicas e físicas dos solos ideais.
Crédito: www.transportes.gov.br

No século XX, mais especificamente entre os anos 1911 e 1916, mais de 5 mil quilômetros de ferrovias foram implantados no país para escoamento do café, principalmente oriundo do estado de São Paulo. Pode-se dizer que esse foi o primeiro grande passo de desenvolvimento e expansão das ferrovias.

A expansão e desenvolvimento das ferrovias foram desenfreados e desorganizados, e esse modal acabou passando por muitas mudanças políticas e administrativas. O transporte ferroviário passou por estatizações e o pouco investimento dos governos acabou por colocá-las em concessão através de leilões e, novamente foram privatizadas. No Brasil, hoje, as maiores empresas atuantes no país nesse modal são ALL (América Latina Logística), Vale e Brasil Ferrovias. Toda a malha ferroviária do estado de São Paulo é controlada pela ALL. Atualmente a malha ferroviária brasileira conta com 29.706 km de extensão, sendo que no estado de São Paulo correm 7.728 km.

Hoje, o modal ferroviário é o segundo mais utilizado para o transporte de açúcar no país e vem passando por mudanças quanto aos investimentos no setor. Ao invés de investimentos por parte da concessionária detentora dos direitos das ferrovias, o que acontece é que grandes grupos do setor sucroalcooleiro investem na logística ferroviária, aumentando seus ativos imobilizados. Por exemplo, dentro da Rumo Logística (braço logístico da Raízen), altos valores são empregados em vagões de alta performance e locomotivas que otimizam o transporte de açúcar, além de terminais ou portos secos como em Sumaré, Jaú (que já estão em atividade) e em Itirapina, que será o maior do Brasil nas movimentações do açúcar. Esse tipo de mudança nos investimentos garante a utilização dos trilhos para a concessionária, porém diminui o capital de giro da empresa embarcadora. 

Além dos investimentos próprios dos grupos de usinas do país, parcerias são fechadas para uma melhor utilização do modal ferroviário entre outras empresas do agronegócio e as próprias usinas. 
Crédito: www.brasilescola.com

A média dos volumes movimentados na safra para o porto de Santos pela Rumo Logística das usinas do estado de São Paulo por trens é de 90%, sendo que 70% passa hoje pelo terminal do Cnaga em Sumaré. A Copersucar tem uma média de 60% dos volumes de açúcar de suas usinas escoados pelo modal ferroviário. 

Para as usinas independentes, ou seja, não ligadas a grandes grupos do setor sucroalcooleiro, os volumes movimentados de açúcar por ferrovias não chegam nem na metade de toda a produção. Isso se deve, principalmente, por se tratar de pequenos lotes, demanda que não é atendida pelas concessionários justamente por se tratar de baixos volumes. A disponibilidade de vagões não atende toda a demanda de escoamento, portanto a concessionária dá preferência aos grandes grupos, além de atender empresas do setor de grãos. Mas se notarmos os últimos anos, vemos que os volumes movimentados por usinas têm aumentado, visto os investimentos feitos pelos grandes grupos, que em determinados períodos terceirizam esse serviço ou acabam até comprando o açúcar dessas usinas menores.

O setor ferroviário está longe de ser o ideal no Brasil, porém o que é possível observar é que grandes grupos do setor sucroalcooleiro juntamente com concessionárias ferroviárias estão investindo para um melhor aproveitamento do potencial desse modal, otimizando o escoamento do açúcar e dessa maneira atendendo a demanda qualitativa e quantitativa dos principais compradores internacionais. 

*Fernando Menegatti Aversa é pesquisador do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (ESALQ-LOG) e aluno de graduação em Engenharia Agronômica na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Grupo ESALQ-LOG (ESALQ/USP)

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