A saúde financeira do Brasil inspira cuidados. E não é de hoje. As “Eras
de Getúlio e Juscelino” ainda são lembradas como sinônimos de avanço de um país
que, naquele tempo, deixava, tardiamente, os efeitos de uma colonização; embora
ainda tenhamos muitos “vícios” desse período presentes na nossa nação. Depois
do período “JK” (Juscelino Kubitschek), em 1961, o Brasil ainda respirava ares
de desenvolvimento, quando em 1964 fomos apresentados à Ditadura Militar que se
estenderia até 1985.
De lá para cá, o Brasil só “dançou conforme a música” e nos abrimos à
globalização como meio de sobrevivência. Nossos governantes – e aqui fica o registro
de que a crítica não é partidária, pois os da direita e os da esquerda governam
com uma semelhança absurda – até se destacaram em um ou outro segmento, mas sem
grandes avanços, num ritmo ditado pela economia global.
Nossa infraestrutura atual não esconde nossas deficiências ao
escoar nossos produtos. É lamentável, e chega a ser revoltante, a falta de
atenção com que o país trata a logística. O Brasil vem se especializando
em arrecadar impostos e esquecendo que tem o dever de oferecer meios para que a
produção sobreviva, mesmo que para pagar mais impostos [...] Produtores de
alguns estados estão pavimentando vias para diminuir o preço do frete. Ou seja,
fazendo o papel de investidores, produtores e o do próprio governo.
Especialistas alertam: nós nos beneficiamos com as crises na
Europa e Estados Unidos, mas agora que há a recuperação dessas economias,
estamos perdendo investidores por causa de uma infraestrutura
deficiente. transportes precários, investimentos ínfimos em
infraestrutura estão trazendo de volta um Brasil sem grandes conquistas, sem
aquavias, sem ferrovias… Se você acha que é exagero, basta lembrarmos que não
estamos investindo em novos projetos como deveríamos nem estamos investindo
suficientemente em manutenção para a conservação do que temos. Qual o resultado
disso?
Se compararmos o ranking das maiores economias mundiais em 2012
com 2014, poderemos observar que, mesmo o Banco Mundial acrescentando à
metodologia do estudo “a paridade do poder de compra”, houve uma ascensão de
países com mais investimentos em infraestrutura. O Brasil, que ocupou o 5º
lugar após passar o Reino Unido e a França, hoje é a 7ª economia do mundo
depois de sermos ultrapassados por Índia e Rússia que ocupavam as últimas
posições entre as 10 mais. Como se não bastasse, é provável devolvermos as
posições para França e Reino Unido que estão logo abaixo do Brasil e aquecendo
a economia. Já para o Fundo Monetário Internacional (FMI), que tem índices mais
diretos para o cálculo, o Brasil também ocupa a 7ª posição geral, mas entre os
22 países emergentes ocupamos a 13ª posição, perdendo para países como
Tailândia, Filipinas e Vietnã.
Em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) chegou a R$ 4,8 trilhões
(só com impostos, o Brasil arrecadou R$ 1,1 trilhão) e os investimentos em infraestrutura
estão na casa dos 2% quando deveria ser de, no mínimo, 4% do PIB para um nível
razoável de modernização logística. Para isso, o país necessita investir R$ 2,5
trilhões nos próximos 25 anos. Isso representaria cerca de R$ 100 bi a mais por
ano. Mas, como já informado, o orçamento para rodovias 2013, por exemplo, não
foi utilizado nem a metade devido entraves por denúncias de corrupção. Vale
lembrar que era um ano crucial para investimentos devido a Copa.
O pacote anunciado de R$ 133 bi corresponde a apenas 6% do
necessário. E, se tratando de qualidade de investimento, esses
números são aterrorizantes. A baixa qualidade das obras com baixa tecnologia
empregada e altos custos, não são feitas para durar em outros mandatos
políticos. No Brasil, “se quebra para colocar a torneira, depois para colocar o
cano”.
Para comparar gastos, a política brasileira consome mais de R$
20 bi/ano (fora ajudas partidárias, campanhas etc.); o Bolsa Família quase R$
21 bi/ano – e nada contra o programa desde que seja temporário, pois um
programa social obtém sucesso quando há a SAÍDA de inscritos e não constantes
aumentos – e os investimentos em infraestrutura não chegam aos R$ 13 bi. “É o
Brasil matando a abelha e esperando que gafanhoto produza mel”.
E vamos perdendo recursos diante dos olhos ávidos do Estado e
sua falta de planejamento, produzindo menos e não ofertando uma qualidade de
vida melhor para nós brasileiros que levamos o país no peito e nas costas.
Fonte: http://www.logisticadescomplicada.com/perdendo-bilhoes-por-nao-investir-milhoes/
Nenhum comentário:
Postar um comentário